A mente liberta, mas ela também
aprisiona. Ela nos atira num calabouço escuro, nos dá a chave e nos desafia a
sair o mais rapidamente de lá. E o mais interessante é que mesmo parecendo ser tão
fácil, se/quando conseguimos sair, levou mais tempo do que deveria. Isto porque
estamos hipnotizados, de pés e mãos atados, mesmo sem nenhum sinal de corda por
perto. É a maldita prisão sem muros.
A mente se aproveita da vulnerabilidade do ser humano para criar uma ilusória e
complexa armadilha. Daquelas que você tem o mapa, sabe que no final só há
sofrimento, mas ainda assim seguimos na esperança de a carta estar equivocada.
Então, acabamos por nos iludirmos e magoarmos. E o retorno para a realidade é longo e
sofrido. É a jornada dos iludidos e arrependidos, quase a jornada do anel.
A mente iludida é cega, mesmo
vendo tudo bem claramente, porque ela é teimosa, insistente e intolerante à
opinião de terceiros. Oh, maldita flecha de Eros que nos fere, derretendo o
coração e nos fazendo perder o nosso rumo! Maldita a hora em que te encontrei?
Talvez não. Mal ditas foram as palavras que escutei de ti e as que os anjos
sopraram aos meus ouvidos para te responder, mas eu preferi calar, porque tu
não mereces sequer palavras de escárnio.
"Às vezes, somos como Gollum, que insistiu numa ilusão até o fim."
O fim. Nesses casos, inevitável,
mas não menos dolorido. Quando sabemos que, numa outra dimensão, isso tudo
poderia dar muito certo, o ter que findar dói. Dói tal qual o sacrifício de um
animal estimado que não se aguenta mais em pé, pois está por demais debilitado.
Dói por dentro e por fora. Dói em todas as direções. Até mesmo antes de ser
oficializado, ou seja, dói antes, durante e depois. Daí, então, não é mais dor,
é só o fim.
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