16.10.08

Chegar ou partir?

"Qual a melhor parte da viagem:
a chegada ou a partida?"

Me fiz essa pergunta e ainda não sei se prefiro chegar ou partir, por isso decidi colocar no papel as implicações de cada um desses instantes (antes mesmo de vir para a frente do computador, o que é raro de acontecer) e vi que há pano para muitas malas de viagem.
Vou seguir a ordem natural da jornada e iniciar pela partida... Quando ouço a palavra "partida", penso em muitas coisas. Penso na busca pelo novo e na renovação, no recomeço ou ainda no próprio começo. Penso no risco, no desafio, no teste e na coragem, na motivação para se permitir tentar. Partir implica ampliação dos horizontes e conhecimento pessoal. Em alguns casos partir envolve adaptação, contudo sempre há ação, pois sem essa não há como sair do lugar de onde se quer partir. Além disso, partir remete à partição, separação, desapego ao cotidiano, às pessoas e ao que é material, logo é inevitável que haja algo tão bonito e sincero na partida, que é a saudade, que traz um falso sentimento de perda - interessante que um sentimento sincero traga uma sensação falsa -, mas o que é a vida senão um conjunto de ciclos intermináveis de perdas e ganhos. Sempre perdemos algo de bom hoje para ganhar algo melhor amanhã, acredito fielmente nisso.
Já a chegada me causa outras reflexões. A chegada remete à realização de um sonho, ao objetivo cumprido, à conclusão de um projeto. É a missão cumprida. Chegar para colher os frutos e descansar, acomodar-se no fim alcançado. Isso tudo, até aqui, não me dá uma boa impressão da chegada, pois o peso do finito me incomoda. Prefiro, no entanto, reconhecer na chegada o instante do reencontro, ou mesmo do encontro, seja com o outro ou até consigo mesmo. A cada chegada não somos mais os mesmos que partimos, porque a trajetória nos lapida e nos transforma. Émuito importante percebermos essas mudanças para que tenhamos consciência de onde estávamos, por onde passamos e do quanto ainda falta para sermos pessoas melhores. Essa auto-realização pode ser um ponto de partida para outra aventura.
Quer saber? O melhor da viagem não está na chegada nem na partida, mas nas estações que nos ensinam lições para a vida inteira, que nos apresentam seres humanos maravilhosos que carregaremos em nossos corações para todo o sempre, e que nos mostram que viver é estar preparado para dar voltas ao mundo quando menos esperamos.

4 comentários:

Unknown disse...

Mano,as escolhas da vida são sempre dolorosas.Nunca sabemos ao certo o q nos espera, nunca entendemos o pq exato de tudo.
Nem uma viagem ou mudança vem com manual de intruções...por isso as dores e sabores estão sempre presentes e eu acho q é justamente por isso q um dia ouvi uma frase, q me acompanha sempre: No final tudo sempre dá certo e se ainda não deu certro é pq ainda não chegou ao final!Não podemos atropelar as etapas da vida...elas se resolvem na hora certa....!
Bjos

Suzanny Lima disse...

Como sempre muito profundo e meticuloso com as palavras, você já sabe né? Quando eu crescer... Você sabe quer eu acebei de passar por essas sensações e reflexões bem recentemente e enquanto eu lia a sua descrição do que acontece quando partimos e chegamos parece que você conseguiu traduzir em palavras o que aconteceu no meu consciente e até no meu subconsciente, mas como é mesmo que você consegue isso? Você é demis mesmo, você estará no meu coração sempre. Beijos enormes.

Anônimo disse...

Teacher, que dom de traduzir em palavras o que vivemos!!! Adorei!!! Parabéns!!! saudade!! bjs

Tereza Jardim disse...

"Sempre perdemos algo de bom hoje para ganhar algo melhor amanhã"


Há uns três ou quatro anos eu me dei conta disso... e pensar nisso sempre faz a gente se sentir mais forte quando as coisas parecem dar errado. A cada barreira que a gente "acha" que atrapalhou nossos planos, poderíamos pensar no que está por vir, e que esse porvir pode ser ainda melhor do que o que não veio.


Luv'U&missU.