"Qual a melhor parte da viagem:
a chegada ou a partida?"
Me fiz essa pergunta e ainda não sei se prefiro chegar ou partir, por isso decidi colocar no papel as implicações de cada um desses instantes (antes mesmo de vir para a frente do computador, o que é raro de acontecer) e vi que há pano para muitas malas de viagem.
Vou seguir a ordem natural da jornada e iniciar pela partida... Quando ouço a palavra "partida", penso em muitas coisas. Penso na busca pelo novo e na renovação, no recomeço ou ainda no próprio começo. Penso no risco, no desafio, no teste e na coragem, na motivação para se permitir tentar. Partir implica ampliação dos horizontes e conhecimento pessoal. Em alguns casos partir envolve adaptação, contudo sempre há ação, pois sem essa não há como sair do lugar de onde se quer partir. Além disso, partir remete à partição, separação, desapego ao cotidiano, às pessoas e ao que é material, logo é inevitável que haja algo tão bonito e sincero na partida, que é a saudade, que traz um falso sentimento de perda - interessante que um sentimento sincero traga uma sensação falsa -, mas o que é a vida senão um conjunto de ciclos intermináveis de perdas e ganhos. Sempre perdemos algo de bom hoje para ganhar algo melhor amanhã, acredito fielmente nisso.
Já a chegada me causa outras reflexões. A chegada remete à realização de um sonho, ao objetivo cumprido, à conclusão de um projeto. É a missão cumprida. Chegar para colher os frutos e descansar, acomodar-se no fim alcançado. Isso tudo, até aqui, não me dá uma boa impressão da chegada, pois o peso do finito me incomoda. Prefiro, no entanto, reconhecer na chegada o instante do reencontro, ou mesmo do encontro, seja com o outro ou até consigo mesmo. A cada chegada não somos mais os mesmos que partimos, porque a trajetória nos lapida e nos transforma. Émuito importante percebermos essas mudanças para que tenhamos consciência de onde estávamos, por onde passamos e do quanto ainda falta para sermos pessoas melhores. Essa auto-realização pode ser um ponto de partida para outra aventura.
Quer saber? O melhor da viagem não está na chegada nem na partida, mas nas estações que nos ensinam lições para a vida inteira, que nos apresentam seres humanos maravilhosos que carregaremos em nossos corações para todo o sempre, e que nos mostram que viver é estar preparado para dar voltas ao mundo quando menos esperamos.
4 comentários:
Mano,as escolhas da vida são sempre dolorosas.Nunca sabemos ao certo o q nos espera, nunca entendemos o pq exato de tudo.
Nem uma viagem ou mudança vem com manual de intruções...por isso as dores e sabores estão sempre presentes e eu acho q é justamente por isso q um dia ouvi uma frase, q me acompanha sempre: No final tudo sempre dá certo e se ainda não deu certro é pq ainda não chegou ao final!Não podemos atropelar as etapas da vida...elas se resolvem na hora certa....!
Bjos
Como sempre muito profundo e meticuloso com as palavras, você já sabe né? Quando eu crescer... Você sabe quer eu acebei de passar por essas sensações e reflexões bem recentemente e enquanto eu lia a sua descrição do que acontece quando partimos e chegamos parece que você conseguiu traduzir em palavras o que aconteceu no meu consciente e até no meu subconsciente, mas como é mesmo que você consegue isso? Você é demis mesmo, você estará no meu coração sempre. Beijos enormes.
Teacher, que dom de traduzir em palavras o que vivemos!!! Adorei!!! Parabéns!!! saudade!! bjs
"Sempre perdemos algo de bom hoje para ganhar algo melhor amanhã"
Há uns três ou quatro anos eu me dei conta disso... e pensar nisso sempre faz a gente se sentir mais forte quando as coisas parecem dar errado. A cada barreira que a gente "acha" que atrapalhou nossos planos, poderíamos pensar no que está por vir, e que esse porvir pode ser ainda melhor do que o que não veio.
Luv'U&missU.
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